Foto: Arquivo Pessoal
O acusado de matar a namorada e modelo santa-mariense Isadora Viana Costa, 22 anos, foi ouvido pela Justiça catarinense na tarde desta quarta-feira. Paulo Odilon Xisto Filho compareceu à audiência, no Fórum de Imbituba, por volta das 14h, e reafirmou a versão que já havia dado à Polícia Civil na época do crime. Ao juiz Welton Rubenich, da 2ª Vara da Comarca de Imbituba, Paulo Odilon negou ter assassinado a namorada, em maio deste ano, no apartamento onde os dois estavam, e disse que a modelo morreu por causa de uma overdose.
Por cerca de três horas e meia, o acusado respondeu aos questionamentos do juiz e, também, do Ministério Público e da defesa dele. Segundo o réu, ele e Isadora teriam consumido cocaína na noite anterior da morte dela, mas ele não teria visto a quantidade de droga que a namorada havia ingerido. O suspeito contou que, ao perceber que a namorada estava tendo uma parada cardiorrespiratória, tentou prestar primeiros socorros e acionou o Corpo de Bombeiros, que encaminhou a jovem ao hospital. Isadora morreu pouco depois de dar entrada na casa de saúde.
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Questionado pela assistência de acusação, feita pela advogada Daniela Félix, Paulo Odilon se manteve em silêncio. Afirmou, apenas, que tudo que havia feito era por amor à Isadora e negou as agressões - versão defendida pela acusação, que se embasa no laudo da necropsia que apontou que a jovem morreu por trauma abdominal mecânico, entre 6h20min e as 7h30min. Neste horário, apenas os dois estavam no local.
- É o momento que ele teve para falar e contar a versão dele dos fatos. Tudo ocorreu conforme a lei e os princípios do processo. Sabemos que a muitas das alegações dele não cabem por conta das provas periciais já feitas e pelo andamento do processo - comentou Daniela.
Entretanto, o advogado do réu, Aury Lopes Jr, informou que os laudos periciais já estão sendo contestados. Para a defesa, Paulo Odilon respondeu, de forma clara, o que aconteceu na noite em que Isadora morreu.
- Ele nunca agrediu a Isadora. Ao juiz, ele afirmou que, sim, os dois haviam ingerido drogas naquele dia, mas ele nunca encostou nela. Ele estava dormindo, trancado no quarto, quando ela começou a ter alucinações por conta dos efeitos da droga. Ele tentou ajudá-la de todas as formas, acionou o socorro e fez de tudo para salvá-la, mas, infelizmente, não era mais possível. Essas lesões que ela teve podem ter sido causadas por essas tentativas de reanimação, porque ele ficou muito abalado com a situação - disse o advogado.
Agora, foi aberto o prazo para as alegações finais tanto da acusação quanto da defesa do réu. Depois disso, o juiz decide se o réu vai a júri popular ou não. Além disso, duas testemunhas da defesa devem ser ouvidas, em Porto Alegre, nos próximos dias.
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Logo após a audiência, a defesa de Paulo Odilon fez um novo pedido de liberdade provisória, que foi negado pelo juiz. Ele segue recolhido no Presídio de Imbituba.
O CASO
Conforme as investigações, o casal se conheceu em Santa Maria em março de 2018. No mês seguinte, o namoro teve início, e Isadora aceitou o convite do namorado para passar alguns dias em Imbituba. Na madrugada do crime, os dois tiveram uma discussão que terminou na morte da jovem. A denúncia aponta que Paulo Odilon era lutador de artes marciais e, por isso, conseguiu imobilizar a namorada, desferindo diversos golpes no abdômen.
- O médico legista concluiu que as lesões traumáticas encontradas no abdômen da vítima, como laceração de vasos abdominais e laceração hepática, foram decorrentes de ação mecânica de alto impacto contra o abdômen e provavelmente repetitiva, compatíveis com múltiplos chutes, joelhadas e socos - escreveu a promotora.
Após o crime, Paulo Odilon solicitou atendimento ao Corpo de Bombeiros, mas não acompanhou Isadora até o hospital. O MP alega que o acusado permaneceu dentro da residência, para ocultar provas e dificultar o trabalho de investigação. O acusado só foi para o hospital após modificar a cena do crime. No local, encontrou a amiga, para quem entregou as chaves do apartamento para que ela retirasse o lençol sujo de sangue que estava em cima da cama.